O Câncer de Mama triplo-negativo metastático é um dos tipos mais desafiadores de câncer para tratar, especialmente em pacientes que já receberam múltiplas linhas de quimioterapia.
A seguir, vamos explorar os detalhes e descobertas desse estudo.
Detalhes e objetivos do ASCENT trial
O ASCENT trial é um estudo fase III, randomizado, que incluiu pacientes com Câncer de Mama triplo-negativo metastático, previamente tratados com, pelo menos, duas linhas de quimioterapia, incluindo uma para a doença metastática.O objetivo principal foi avaliar a sobrevida livre de progressão (SLP) em pacientes sem metástases cerebrais, enquanto os objetivos secundários incluíram SLP para toda a população do estudo, sobrevida global, taxa de resposta e qualidade de vida.
No total, 529 pacientes foram randomizados, com 267 recebendo Sacituzumabe Govitecano e 262 tratados com a quimioterapia à escolha do médico investigador. O acompanhamento mediano foi de 17,7 meses, e os tratamentos foram mantidos até a progressão da doença ou toxicidade intolerável.
Principais descobertas ASCENT trial
Para o grupo de pacientes sem metástases cerebrais, a sobrevida livre de progressão (SLP) foi de 5,6 meses no grupo tratado com o Sacituzumabe Govitecano, comparado a 1,7 meses no grupo submetido à quimioterapia padrão.Na análise da população total, a SLP foi de 4,8 meses (intervalo de confiança [IC] de 95% = 4,1–5,8 meses) para o Sacituzumabe Govitecano e 1,7 meses (IC de 95% = 1,5–2,5 meses) para a quimioterapia (razão de risco [HR] = 0,41, IC de 95% = 0,33–0,52).
Em relação à sobrevida global, o Sacituzumabe Govitecano proporcionou um ganho expressivo, com uma mediana de 11,8 meses (IC de 95% = 10,5–13,8 meses), versus 6,9 meses (IC de 95% = 5,9–7,7 meses) no o grupo da quimioterapia padrão (HR = 0,51, IC de 95% = 0,42–0,63).
A taxa de resposta também foi substancialmente superior no grupo tratado com Sacituzumabe Govitecano (35%), comparado a apenas 5% no grupo de quimioterapia.
Esses resultados foram consistentes em todos os subgrupos analisados, independentemente do número de linhas de tratamento prévias ou do status de expressão das proteínas Trop-2 e HER2.
Dessa forma, os resultados do ASCENT trial demonstraram a clara superioridade do Sacituzumabe Govitecano em relação à quimioterapia padrão.
ADC: mecanismo de ação
O Sacituzumabe Govitecano é um anticorpo-droga conjugado (ADC), que combina um anticorpo direcionado à proteína Trop-2, presente em mais de 90% das células de câncer de mama, com a quimioterapia SN-38.Após a ligação à proteína Trop-2 na célula tumoral, o ADC é internalizado, permitindo que o agente quimioterápico seja liberado dentro da célula, causando um efeito citotóxico.
Além disso, o mecanismo também aciona o efeito bystander, pelo qual a quimioterapia atinge células tumorais adjacentes, aumentando a eficácia do tratamento.
Os ADCs se apresentam como uma promissora e eficaz abordagem para o tratamento de câncer.
Conclusão e recomendações
O ASCENT trial confirma que o Sacituzumabe Govitecano é uma opção terapêutica eficaz e segura para pacientes com câncer de mama triplo-negativo metastático, que já foram submetidos a tratamentos prévios.Além de aumentar significativamente a sobrevida livre de progressão e a sobrevida global, o medicamento também oferece uma taxa de resposta superior em comparação com a quimioterapia padrão.
Do ponto de vista de segurança, os principais eventos adversos de grau 3 observados foram neutropenia e diarreia, que, apesar de mais frequentes no grupo do Sacituzumabe Govitecano, foram considerados manejáveis pelos oncologistas.
Portanto, para pacientes elegíveis que apresentam câncer de mama triplo-negativo metastático, o Sacituzumabe Govitecano, conforme os resultados do estudo ASCENT trial, deve ser considerado uma alternativa terapêutica de valor.
STENGER, Matthew. Metastatic Triple-Negative Breast Cancer: Sacituzumab Govitecan vs Single-Agent Chemotherapy in Previously Treated Patients. ASCO Post, 13 mar. 2024. Disponível em:
https://ascopost.com/news/march-2024/metastatic-triple-negative-breast-cancer-sacituzumab-govitecan-vs-single-agent-chemotherapy-in-previously-treated-patients/.
Não há conflitos de interesse nessa publicação