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Câncer de Pâncreas: desafios e avanços no diagnóstico e tratamento

Dr. Leandro Ramos
Dr. Leandro Ramos
Câncer de Trato Gastrointestinal
22 de dez. 2024
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O câncer de pâncreas representa um desafio significativo na prática clínica, dadas suas características de diagnóstico tardio e prognóstico desfavorável. O estudo realizado pelo Instituto Nacional de Câncer (INCA), em 2022, revelou dados alarmantes:

  • Entre 2011 e 2020, houve um aumento significativo na incidência e mortalidade dessa doença, especialmente em regiões economicamente desenvolvidas.
  • Os óbitos relacionados à essa condição aumentaram em mais de 50%, atingindo uma média de 11,8 mil mortes por ano.
Essas estimativas, de caráter trienal, colocam o câncer de pâncreas entre os tumores mais frequentes e letais, tanto em homens quanto em mulheres, posicionando-o como o sétimo mais mortal para eles e o quinto para elas.Neste artigo, vamos explorar os principais aspectos relacionados a essa doença, como fatores de risco e as novidades em diagnóstico e tratamento.

Fatores de risco modificáveis do câncer de pâncreas

Diferentes variáveis são associadas ao desenvolvimento do câncer de pâncreas, sendo algumas delas modificáveis.

O tabagismo, por exemplo, emerge como o principal fator de risco para o desenvolvimento desse tipo de câncer. Estudos indicam que os fumantes e usuários de produtos derivados do tabaco têm três vezes mais chances de desenvolver câncer de pâncreas do que os não fumantes. Além disso, quanto maior a quantidade e o tempo de consumo do tabaco, maior é o risco de desenvolver a doença.

O consumo excessivo de gorduras, carnes e bebidas alcoólicas também tem sido associado ao aumento do risco dessa neoplasia.

Da mesma forma, a exposição a compostos químicos, como solventes e derivados do petróleo, pode contribuir para o desenvolvimento da doença.

A Interseção entre diabetes e câncer de pâncreas

O diabetes mellitus é uma condição comum em pacientes com câncer, apresentando-se como um fator de risco para certos tipos da doença, como o de pâncreas.

Uma pesquisa baseada na população dos EUA descobriu que 1% dos indivíduos com 50 anos ou mais, e que desenvolvem diabetes recentemente, têm câncer de pâncreas subjacente.

Essa relação destaca a importância de uma abordagem multidisciplinar no manejo desses pacientes, visando melhores resultados.

Novidades no diagnóstico do câncer de pâncreas

Pesquisadores da Universidade de Surrey, em parceria com outras instituições, identificaram que a perda de peso dramática pode ser detectada dois anos antes do diagnóstico do câncer de pâncreas, enquanto a elevação da hemoglobina glicada (HbA1c) pode ser detectada três anos antes.

De acordo com o estudo, no ano anterior ao diagnóstico, uma diminuição de 1 kg/m² no IMC entre os casos e os controles foi associada a um aumento de aproximadamente 5% na chance de desenvolver a doença. Da mesma forma, um aumento de 1 mmol/mol na HbA1c foi associado a um aumento de cerca de 6%.

Essas diferenças permaneceram estatisticamente significativas (p < 0,001) por 2 anos antes do diagnóstico de câncer de pâncreas para o IMC e 3 anos para a HbA1c.

Análises de subgrupos revelaram que a diminuição do IMC estava associada a um risco mais elevado de câncer de pâncreas para pessoas com diabetes, enquanto o aumento da HbA1c estava associado a um risco mais elevado para pessoas sem diabetes.

Tratamento multidisciplinar e novas abordagens terapêuticas

O tratamento do câncer de pâncreas envolve uma abordagem multidisciplinar, que pode incluir cirurgia, quimioterapia, radioterapia e terapias-alvo, dependendo do estágio da doença.

A cirurgia para remoção do tumor, como a técnica de Whipple, é uma opção em casos selecionados, porém é uma intervenção complexa e desafiadora tanto para o cirurgião quanto para o paciente. Além disso, novas formas de radioterapia, como a radioterapia intraoperatória.

e a radioterapia com feixe de prótons, estão sendo estudadas para melhorar os resultados do tratamento.

Quanto à quimioterapia, ensaios clínicos estão testando novas combinações de drogas quimioterápicas, visando aumentar a sobrevida dos pacientes.

Perspectivas futuras

Apesar dos desafios enfrentados no diagnóstico e tratamento do câncer de pâncreas, os avanços científicos e tecnológicos oferecem esperança para o futuro.

Estudos genéticos e de detecção precoce estão proporcionando insights importantes sobre a origem e o desenvolvimento dessa doença, enquanto novas abordagens terapêuticas, como a imunoterapia e a terapia-alvo, prometem melhorar os resultados clínicos.

É essencial que os profissionais de saúde estejam atualizados sobre as últimas evidências e recomendações para oferecer o melhor cuidado aos pacientes.


Referências:

Instituto Nacional de Câncer (INCA). Ações de Vigilância do Câncer, componente estratégico para o planejamento eficiente e efetivo dos programas de prevenção e controle de câncer no país. Disponível em: [https://www.gov.br/inca/pt-br/assuntos/cancer/numeros].

Lemanska A, Price CA, Jeffreys N, Byford R, Dambha-Miller H, Fan X, et al. (2022) BMI and HbA1c are metabolic markers for pancreatic cancer: Matched case-control study using a UK primary care database. PLoS ONE 17(10): e0275369. https://doi.org/10.1371/journal.pone.0275369

Oncomed BH. "Câncer de Pâncreas". Disponível em: [https://oncomedbh.com.br/tipo-de-cancer/pancreas/].

Shahid RK, Ahmed S, Le D, Yadav S. Diabetes and Cancer: Risk, Challenges, Management and Outcomes. Cancers (Basel). 2021 Nov 16;13(22):5735. doi: 10.3390/cancers13225735. PMID: 34830886; PMCID: PMC8616213. (https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/34830886/)

Suresh T. Chari, Cynthia L. Leibson, Kari G. Rabe, Jeanine Ransom, Mariza de Andrade, Gloria M. Petersen, Probability of Pancreatic Cancer Following Diabetes: A Population-Based Study. Disponível em: [https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0016508505008772]
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