O maior avanço em 20 Anos no tratamento do câncer docolo do útero
Nos últimos anos, pesquisadores e cientistas têm trabalhado incansavelmente para encontrar avanços significativos no tratamento do câncer do colo do útero. Uma notícia promissora surge com um estudo apresentado no ESMO 2023, revelando um marco histórico na busca por terapias mais eficazes. Financiado pela Cancer Research UK, o estudo testou uma nova abordagem de tratamento em 250 mulheres diagnosticadas com câncer de colo do útero. O protocolo consistiu em um intensivo de seis semanas de quimioterapia com carboplatina e paclitaxel, seguido pelo tratamento padrão de radioterapia, utilizando cisplatina e braquiterapia semanal. Após cinco anos, 80% das mulheres que receberam o novo tratamento estavam vivas, e em 73% dos casos, o câncer não havia retornado ou se espalhado. Em comparação, no grupo de tratamento padrão, 72% estavam vivas, e 64% não apresentaram recorrência do câncer. A Dr.ª Mary McCormack, principal pesquisadora do estudo, declarou que esse curto período de quimioterapia adicional pode reduzir o risco de retorno da doença ou morte em 35% - comparado ao grupo de controle – representando o maior avanço em mais de duas décadas.Perspectivas futuras
Dado que os medicamentos utilizados nesta nova abordagem são acessíveis, aprovados e já disponíveis, os especialistas acreditam que essa abordagem pode rapidamente se tornar o novo padrão de tratamento. No entanto, alertam que os resultados positivos podem não ser universais, especialmente para mulheres em estágios mais avançados da doença. Além disso, é importante considerar os potenciais efeitos colaterais, como enjoos, náuseas e queda de cabelo. Ainda assim, o recente avanço no tratamento do câncer do colo do útero oferece esperança renovada às milhares de mulheres afetadas por essa doença.Novidades promissoras no tratamento do Câncer de Endométrio com Imunoterapia e Quimioterapia
O RUBY (ENGOT-EN6-NSGO/GOG3031) é um estudo clínico de fase 3 que avaliou a eficácia e segurança do tratamento do câncer de endométrio primário avançado (estágio III ou IV) ou em primeira recorrência. O estudo investigou a adição do imunoterápico dostarlimabe (um anti-PD-1) à quimioterapia padrão (carboplatina e paclitaxel), em comparação com o uso de placebo mais a mesma quimioterapia. Os resultados, e publicados na New England Journal of Medicine, apontam para uma mudança paradigmática no cuidado dessas pacientes, oferecendo benefícios inéditos.Detalhes do estudo RUBY
O estudo envolveu 494 pacientes com câncer de endométrio primário avançado (estágio III ou IV) ou em primeira recorrência. As pacientes foram randomizadas 1:1 para receber dostarlimabe, um anti-PD-1, em combinação com carboplatina e paclitaxel, ou placebo mais carboplatina e paclitaxel. Os objetivos primários de análise foram avaliar a SLP (sobrevida livre de progressão) e SG (sobrevida global) das pacientes.Resultados significativos
A adição de dostarlimabe à quimioterapia resultou em uma SLP média de 11,8 meses, em comparação com 7,9 meses no grupo de quimioterapia isolada. Notavelmente, pacientes com tumores com deficiência nas enzimas de reparo do DNA ou alta instabilidade de microssatélites apresentaram uma taxa impressionante de 61,4% de liberdade de progressão em dois anos, contra 15,7% no grupo de quimioterapia padrão.Sobrevida global e perspectivas futuras
Embora os dados de sobrevida global ainda não estejam totalmente maduros, há uma tendência inicial promissora em favor do tratamento combinado. O grupo de imunoterapia e quimioterapia demonstrou uma SG de 71,3% em 24 meses, em comparação com 56% no grupo de quimioterapia e placebo. Nos pacientes com tumores “quentes”, a SG foi particularmente notável, atingindo 83,3%.Importância clínica e expectativas futuras
Os resultados do estudo RUBY representam um avanço revolucionário no tratamento do câncer de endométrio, oferecendo uma abordagem inovadora que promete melhorar significativamente a SLP e, possivelmente, a SG. Este é um passo crucial, especialmente para as pacientes com tumores com deficiência nas enzimas de reparo do DNA. A combinação de imunoterapia e quimioterapia emerge como uma estratégia promissora, trazendo esperança renovada para aquelas cujas opções de tratamento são limitadas.Conclusão
Os estudos que observam os avanços no tratamento do câncer do colo e endométrio, abrem novas perspectivas terapêuticas e oferecem esperança para inúmeras mulheres e suas famílias. Neste contexto, a importância contínua da pesquisa clínica se destaca, reforçando nosso compromisso em encontrar tratamentos mais eficazes e personalizados para pacientes de câncer ginecológico. Este é um passo significativo rumo a um futuro no qual a esperança prevalece e a qualidade de vida é melhorada para todas aquelas afetadas por essas condições.Referências
Mirza, M. R., et al. (2023). Dostarlimab for Primary Advanced or Recurrent Endometrial Cancer. New England Journal of Medicine, 388(22), 2145-2158. Disponível em: https://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMoa2216334 McCormack M, Gallardo Rincón D, Eminowicz G, et al. LBA8 a randomised phase III trial of induction chemotherapy followed by chemoradiation compared with chemoradiation alone in locally advanced cervical cancer: the GCIG INTERLACE trial. Ann Oncol. 2023;34(suppl 2):S1276. doi:10.1016/j.annonc.2023.10.028